' PRECONCEITO E BDSM - DIÁRIO DE UM DOMINADOR - GLADIUS | BDSM, Fetiches e Relacionamentos

PRECONCEITO E BDSM



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Texto revisado que faz parte da obra DIÁRIO DE UM DOMINADOR - CRÔNICAS - LIVRO 1, de cortesia acompanhado com as notas de atualização do autor que estão presentes apenas no livro junto dos outros textos do Blog publicados.


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PRECONCEITO E BDSM


Publicado em 06/04/2014


NOTA DO AUTOR
Escrevi vários textos e fiz lives sobre temas correlatos ao preconceito e aceitação da diversidade, alguns falando de gostos pessoais e outros já de forma genérica, alguns listados abaixo:
02/2016 - Gays e B.D.S.M.
Este onde falo sobre preconceitos e BDSM, foi o texto no qual cobri o assunto de forma mais abrangente e nessa revisita o que me impressiona é o fato de como ele ainda é atual. É um fato doloroso que sim, existem seres humanos em quantidade numerosa, que de alguma forma vão na contramão das boas práticas, dos bons hábitos e da integridade de caráter. Entre eles, alguns são particularmente perigosos, pois apresentam comportamento sociopata e até criminoso. Outros, onde o perigo reside apenas no seu comportamento em desacordo com lógica, bom senso, ciência, ética e moral. A atitude correta em relação a estas pessoas é a pura e simples exclusão do convívio (e eventuais posições de poder por aqueles que a eles se submetem).
Em tempo, é curioso como também nesse caso, fica comprovada a tese de que a vida é uma grande coisa só e que muito do que vale para o BDSM também vale “ipsis litteris” para todos os outros tipos de relações e aspectos da vida.
Não sei se fui o primeiro a ter se posicionado publicamente sobre o assunto, mas com certeza sou um dos que está na frente dessa luta contra o preconceito de forma geral e sobre isso o que já publiquei até agora já diz tudo.


Dizer que não existe machismo e tantas outras formas de preconceito no Brasil é um dos mais puros gestos de hipocrisia. É escancaradamente óbvio que mulheres, nordestinos, negros, obesos e pobres, não são tratados da mesma forma. E como diz a frase de George Orwell replicada em letra de música, “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.”.

No meu modo de ver, no BDSM sério devem existir pessoas divididas pelo comportamento primal. Pessoas que se completam dominando pessoas que se completam sendo dominadas. Falo de pessoas, pois independentemente de qualquer coisa, somos seres humanos.

A outra única divisão que admito e que é secundária, trata das subculturas, ou seja, enquanto primariamente a divisão é pela posição e comportamento dominante e submisso (ou ambos) nesse universo de jogos de poder, numa segunda abordagem se situam os subgrupos e subculturas que definem o “como” se dá o consumo da hierarquia.

Existem pessoas que afirmam que o BDSM é um ambiente machista, mas a lógica da vida real desmonta esse tipo de discurso. Seria machista se fosse um lugar onde apenas homens fossem dominantes, mas não é bem assim. A posição de dominante no BDSM é definida pela sua natureza dominante e não por qualquer outra coisa, logo existem dominantes de todas as identidades de gênero e orientação sexual (e nem estou colocando na conta a questão da sexualidade e da expressão de gênero).

Então pense: no paradoxo que se forma dentro do pensamento que BDSM é machista quando, vemos uma mulher dominante pansexual com ela podendo ter como parceiros, literalmente qualquer um.

A submissão de uma mulher para outra fica em que lugar do machismo? E o homem se submetendo a uma mulher? Ah, ainda tem mais... pois dentro desse pensamento idiota de machismo no BDSM nem põe na conta a cena gay que foi precursora na popularização do BDSM.

E mais, seguindo uma linha que até provoca tontura. Como fica a Switcher e bissexual que tem Dona em seu lado submisso, e uma escrava e dois escravos em seu lado dominante? E o menino dominante que sendo heterossexual, erotiza a sua sexualidade dominando mulheres vestido de mulher?

Uma das primeiras coisas que notei e que fez com que me sentisse particularmente a vontade nos ambientes temáticos que frequentei quando da minha chegada ao meio BDSM de São Paulo, citando pela ordem o Valhala, Amigos.com e Clube Dominna da Rua Topázio, foi a diversidade de seres humanos que ali coexistiam e interagiam pacificamente.

Um fato que permaneceu até hoje, é que as festas e eventos BDSM são uma demonstração bem evidente do quanto o BDSM, muito mais do que apenas de tolerância, é um ambiente de aceitação, pois nelas se agrupam Fetichistas, Podólatras, Drag Queens, Cross Dressers e da comunidade LGBTTIS.


LGBTTIS era a sigla corrente, que significava Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Intersexuais e Simpatizantes.
LGBTQIA+ é atualmente a nomenclatura aceita e tem no seu significado Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e o + para incluir outros grupos de variações.
Está última seria uma contração de LGBTT2QQIAAP, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Transexuais, 2 (de 2 Spirits, termo utilizado pelos nativos americanos que fala de alguém que nasceu com os espíritos femininos e masculinos), Queer, Questionando (São pessoas que estão decidindo a sua sexualidade), Intersexual, Assexual, Aliado (Pessoas que cooperam e que convivem com o movimento e P de Panssexual LGBTT2QQIAAP.
LGBTQQICAPF2K+ surge como um novo formato em 2018 depois de uma discussão entre militantes do movimento, tendo no seu bojo os seguintes termos, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Questionando, Intersexo, Curioso, Assexuais, Pan e Polissexuais, Aliados, Two-spirit, Kink e o + para os outros grupos e variações. Apesar desta sigla ter ganhado alguma visibilidade ainda não é unanimemente aceita.
Citei esta última pela simples curiosidade de ser a primeira que inclui as pessoas que gostam do sexo kink (sexo diferente) que abrange as pessoas com fetiches diversos e jogos de poder.


Nesses ambientes era possível ver ao vivo e em cores o encontro de pessoas que seria muito difícil de ser testemunhado em outras situações. Para citar apenas como exemplo, pessoas fora daquele “padrão de beleza” socialmente aceito.

Seres humanos socializando, interagindo e até formando parcerias sem se levar em consideração a idade, gênero, condições de peso, limitações físicas, condições financeiras, posição social, religião e beleza (até porque está nos olhos de quem a vê). Um aula de humanidade para toda a humanidade.

Mas sim, existe o preconceito em todas as suas formas, mas não no meio como um todo. A ocorrência desse tipo de estupidez é pontual, aparecendo na fala apenas de alguns indivíduos desprovidos de noção, cultura e inteligência.

Essa característica de não se agrupar pessoas em nada que não seja pela sua natureza dominante ou submissa é uma das melhores características desse universo, mesmo assim, observo pessoas se sentindo discriminadas, tais como Switchers por dominantes e submissos puros, submissas novatas ou avulsas pelas submissas com parceiros, submissos homens por dominantes homens e até, pasmem, homens dominantes por submissos que pregam a supremacia feminina.

Talvez o preconceito seja algo que venha no pacote do "ser humano” mais primitivo e sirva a princípio para as pessoas se agruparem deixando o "diferente" de fora, comportamento típico das pessoas menos evoluídas.

Eu escolho viver um BDSM puro e cristalino, onde não sou um melhor ser humano do que qualquer iniciante ou até mesmo do mais rastejantes submisso. Vivo um BDSM onde a minha superioridade é hierárquica e sobre apenas a quem acha que mereço. Dizer que dentro de certos grupos de pessoas que circulam dentro ou acreditam viver BDSM, não haja algum tipo de preconceito também seria querer demais, mas não é com estas pessoas que convivo e nem ao menos me preocupo. Me preocupo com aqueles 0,1 % dos que estão comprometidos a viver BDSM de verdade. Enfim, no "meu BDSM" não existe preconceito, para todo o resto sou indiferente.


MASTER GLADIUS

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PRECONCEITO E BDSM PRECONCEITO E BDSM Reviewed by Gladius on janeiro 01, 2024 Rating: 5

2 comentários:

  1. Adorei...sua ou suas submissas devem ficar loucas cada vez que as chama ou as toca....talvez não se encontre mais Dominad. Como você.(legítimo)...apenas alguns que querem brincar de dominador e submissas.

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  2. Eu seria um hipócrita se não dissesse que estou arrepiado. Primeiro pela aula riquíssima, a abrangência na explanação, conceitos, os fundamentos e a clareza e maestria na exposição do conteúdo! E falando de uma forma simplista, vejo que o ter preconceito é a impossibilidade de se enxergar, uma vez que TODOS, absolutamente TODOS, sem excessão, temos defeitos, peculiaridades e o desejo de sermos aceitos como somos. Como dito no texto, somos seres humanos! E somos diferentes um dos outros quanto a pensamentos e estrutura externa, porém ao mesmo tempo, iguais! Gosto muito da ilustração da "Caveira"... se você olhar para o crânio (estrutura óssea) de um humano, não há como dizer se é um homem ou mulher, se gordo ou magro, se feio ou bonito, se preto, branco, amarelo ou pardo, etc... Enfim, o preconceito, seja no BDSM ou em qualquer outra camada, é a mais pura estupidez e que devemos ficar sempre atentos em nossas próprias atitudes, pois as vezes o cometemos sem sequer perceber, uma vez que isso está tão irraízado em nosso cultura. Master Gladius, parabéns pelo tão profundo e relevante texto! Forte Abraço, Dom Darius.

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