' Submissa de Caça - DIÁRIO DE UM DOMINADOR - GLADIUS | BDSM, Fetiches e Relacionamentos

Submissa de Caça


Publicado em 09/03/2009 
NOTA DO AUTOR >>> Este texto ainda é atual, pois as questões que dão base para os prós e contras a esse tema ainda permanecem.
O mais básico deles é que nos dias de hoje continua sendo um problema ver algumas pessoas tentando migrar para o Universo BDSM sem ter o devido preparo para isso.
A parte que se submete considerar que o seu parceiro dominante seja apenas dela é um dos sintomas claros de que esta traz alguns vícios das relações do Mundo Baunilha.
Ainda é real que as regras são do Dominante e se este quer usar uma ou mais das suas posses para trazer novos parceiros para a relação, sem dúvida alguma ele está no seu direito de querer o que quiser, lembrando sempre o óbvio que que nem sempre “querer é poder” (na verdade quase nunca). 
Se isto se manifesta dentro de um ambiente de consensualidade, é um uso como qualquer outro ajustado entre as partes da relação.

A ida ao Clube Dominna a partir de Santos dura cerca de 01h15min de carro, e nesse tempo tive a oportunidade de filosofar um pouco sobre BDSM com minha amiga Silenciosa Sub que me acompanhava no trajeto.

E de repente ela dispara uma pergunta que me fez meditar sobre os fundamentos do Universo BDSM. Ela perguntou se o fato de um Dominador mandar que sua escrava ache e traga outras escravas para ele era lícito.

Pedi alguns momentos para pensar no assunto, pois o que me vem de imediato a cabeça, baseado em tudo o que vi e vivi é que sim... um dominante pode mandar um submisso trazer outros submissos para ele.

Para não ser direto demais achei melhor falar dos fundamentos e deixar que ela mesma concluísse a resposta.

Comecei com o básico que é o S.S.C. (São, Seguro e Consensual). 

Disse a ela sobre o “São”, o que diz respeito a parte de não misturar os mundos e deixar que o que acontece em um interfira no outro para não se perca a Sanidade Mental, o “Seguro” que trata de todas as questões de segurança física, incluindo o cuidado no uso correto das técnicas e o “Consensual”, que fala dos limites de cada parte e de que as coisas que vão ocorrer estão absolutamente claras.

Falei, se uma pessoa submissa, pertence de verdade a um Dominante, este não teria o direito de exigir tudo que estivesse dentro dos limites negociados no início da relação?

Ela respondeu concordando, como esperado.

A partir daí, comecei a meditar sobre os fundamentos e as diferenças e semelhanças fundamentais existentes entre o Mundo Baunilha e o Universo BDSM.

E para começar essa série de matérias sobre fundamentos vou mais fundo nesse assunto de caça.

Eu acho lícito sim que um dominante venha a incumbir a parte que se submete a ele, a recrutar outros submissos e isso é válido por pelo menos dois motivos:

1. A posse deve fazer o que seu possuidor deseja. É uma das regras básicas (claro que se para isso submisso é tolerante, competente e está agindo de acordo com a consensualidade);

2. Como a maioria dos dominantes gosta que seus submissos interajam, o fato deles trazerem os futuros parceiros, lhes dá a chance de escolherem pessoas que tenham alguma afinidade e diminuindo as chances de ocorrerem problemas no relacionamento poliafetivo.

É uma coisa muito comum escravas bissexuais caçarem para os donos sem ordens específicas para isso e o reino desse dominante é de natureza poli afetiva.

 Já no caso das heterossexuais a coisa complica, pois essas têm a tendência de querer algum tipo de exclusividade utópica e bizarra, tema sobre o qual falarei em outro texto.

Outra coisa comum a todos os praticantes do BDSM é a questão do recrutamento, tanto para busca de parceiros 

Apesar de hoje em dia o com o advento da Internet, a disponibilidade de informação e a facilidade de comunicação terem se expandido, a entrada nesse universo sempre é mais segura quando se é trazido para o meio por alguém conhecido, sendo muito comum presenciar simpatizantes trazendo amigos para encontros de praticantes de BDSM.

A maioria dos habitantes do Universo BDSM é formada por militantes e entusiastas, acabando em algum momento por falar desse universo fantástico para os amigos mais próximos ou então recebendo os curiosos sérios nas salas de bate-papo da vida (meio pelo qual eu me aproximei do meio BDSM de São Paulo).

Se você, pessoa submissa, traz algum conhecido também submisso para o meio, quem você vai recomendar para que essa pessoa experimente e aprenda sobre o assunto? 

Claro que, se você é uma pessoa egoísta, mesquinha e está no BDSM pelos motivos errados nunca vai apresentar o SEU Top, pois ele é SEU... e você jamais vai DIVIDIR seu Top com quem quer que seja. 

Essa é uma boa maneira de checar seus motivos.


GLADIUS MAXIMUS

NOTA DO AUTOR >>> Uma coisa mudou no meu modo de ver em relação a esse tempo e tem a ver especificamente com a atitude de buscar um top para chamar de seu.
É bom se registra que antes eu via essa atitude como uma algo muito ruim e nocivo por representar um ruído na liberdade que se faz necessária para se viver o BDSM em sua plenitude.
Independentemente dos motivos pessoais, percebi que existem limitações que são externas e que às vezes, de tão grandes, terminam por definir os parâmetros da relação.
Hoje já acho que essa liberdade no BDSM é tão grande que permite até a existência das pessoas com essa limitação de viver relações poliafetivas, bastando para isso apenas que se encontre um parceiro compatível com esse tipo de dinâmica restritiva, movendo essa atitude de algo puramente nocivo para o âmbito de algo que é de gosto puramente pessoal.
Resumindo... essa nova posição de minha parte acaba por me fazer focar no que é fundamental para a definição do que é BDSM, ou seja, um tipo de relação baseada em jogos de poder limitada pelo que ditam os parâmetros do S.S.C. (Segurança, Sanidade e Consensualidade), deixando de julgar e aceitando todas as coisas de que as pessoas gostam ou não gostam, sendo elas adequadas dentro do S.S.C., mesmo que ainda no meu juízo de valor elas ainda possam ser nocivas.



Submissa de Caça Submissa de Caça Reviewed by Gladius on março 09, 2009 Rating: 5

Um comentário:

  1. Anônimo30.8.12

    Que belo texto! Parabéns!
    Sempre que dá um tempinho corro aqui e tento absorver mais.

    Márcia B.

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