Uma coleira real tem duas utilidades. A primeira como marca de posse (A criatura que usa coleira tem Dono) e a segunda é o uso prático (guiar e “segurar” a fera).
A coleira virtual é apenas a junção do nome ou iniciais do Dono junto ao nickname da sua posse e tem a mesma finalidade do primeiro uso da coleira real, mostrar que a criatura tem Dono e quem é. Seu uso se limita ao ambiente virtual e é largamente utilizada nas salas de bate-papo de fetiche e SM e agora no Orkut e outros sites de relacionamento.
Sua origem veio de uma experiência nos primórdios das salas de bate-papo, onde o Mestre Klaus da cidade de Santos colocou seu nome ligado a duas de suas submissas e começaram interagir assim na sala. O objetivo ali era de se fazer, cada um, um relatório secreto e depois todos lerem os dos outros e debaterem sobre a experiência. A idéia pegou e acabou virando de domínio público. Klaus hoje de rir quando vê a sua idéia tão deturpada e banalizada por alguns.
É triste que a maioria das posses não compreenda a importância nem a extensão do que é pertencer a alguém. E como alguns pseudo-donos acontece o mesmo só que os mesmos ainda não percebem o tamanho da responsabilidade de se possuir alguém.
Talvez o fato de um grande número de pessoas pouco preparadas para o BDSM cismar em se achar conhecedoras desse Universo seja o que provoque esses desvios. Simplesmente acham que basta um pouco de teoria e o conhecimento de algumas práticas para se tornarem Donos ou posses de verdade.
O que é ignorado e o fato que as relações Dono/posse verdadeiras são baseadas em um elo, uma conexão verdadeira e isso é algo que só acontece com o tempo e vivência.
A coleira foi tão banalizada que se criou o termo “Dança das Coleiras” para descrever a atitude de algumas posses que colocam coleiras e as mantém por pouco tempo e passado não mais do que alguns dias, já estão portando outra.
Parece-me que o pseudo-dono que tem problemas de auto-afirmação e insegurança, trata logo de convencer a uma posse novata a usar a sua marca, apenas no sentido de se reservar e garantir rapidamente a “pseudo-posse“ para si, afastando a possibilidade que essa posse tenha acesso a um Dono verdadeiro ou a informações suficientes para fazer a mascara desse pseudo-dono cair.
Como essa não é uma relação baseada em posse verdadeira, a posse primeiro aprende sobre relações BDSM de forma errônea e depois vê esta relação que vive entrar em colapso rapidamente, pois não é baseada justamente nessa posse verdadeira. O processo bizarro da dança das coleiras começa aí para a posse ou o que é pior, fica traumatizada por ter se entregado de verdade a um Dono de mentira e sofrido as conseqüências disso, se afastando em definitivo sem ter tido a chance de conhecer uma verdadeira relação BDSM.
Então é fundamental entender que da mesma forma que é muito arriscado “casar” com um desconhecido no mundo Baunilha, é uma atitude absurdamente irresponsável se encoleirar ou se deixar encoleirar em uma relação com alguém que se conheceu a poucos dias em uma sala de bate-papo.
Um Dono experiente e responsável jamais colocaria uma coleira em alguém de imediato, pois sabe de todas as responsabilidades inerentes a isso. Ele sabe também que uma coleira prende mais ao Dono, pois esse tem que conduzir, doutrinar, treinar e cuidar da sua posse. Ele sabe que essas relações são bem mais do que spanking e uso sexual.
Então só resta deixar uma mensagem às posses novatas. Não percam a perspectiva de que o Universo BDSM é maravilhoso, mas esconde trastes e entre estes alguns particularmente perigosos. Também não deve esquecer que depois que estiver a mercê de um traste desses pouca coisa vai restar a se fazer além de rezar mentalmente, pois de mordaça vai ficar complicado gritar pelo auxílio de Deus ou de quem quer que seja.
GLADIUS MAXIMUS
► Coleiras – Dança
GLADIUS MAXIMUS
► Coleiras – Dança
Coleiras – A Dança
Reviewed by Gladius
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março 28, 2009
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Meus parabens pelo belo texto, que relamente mostra a ralidade e o que ta acontecendo no BDSM, este mundo maravilho......
ResponderExcluirGrande Abraco
Um texto que descreve bem uma realidade vista cada vez mais com frequencia no meio.
ResponderExcluirColeiras parece ter virado objeto de coleção, quem tem mais.
Muitas nem chegam a serem consumadas, basta que se tenha iniciais para agregar oa nome.
Devolve-se hoje, depois de amanha ja se tem novo dono, nova sub...
Depois reclama-se de abusos, decepções.
Denise
em relação a ultima frase do post, sempre me perguntei se algum Dominador faria uma cena em que a posse esteja amordaçada e amarrada simultaneamente. Se isso acontecer ela não tem como usar a safe word, eu sei que não é o objetivo de nenhuma das partes usá-la, mas mesmo assim é importante ter esse recurso. Como se faz nesse caso?
ResponderExcluirNa realidade, a safe word é um sinal sonoro pré combinado no sentido de possibilitar que a parte que está recebendo uma determinada técnica, avisar a quem está executando a técnica que, seja lá pelo motivo que for, a atividade tem que ser interrompida.
ExcluirE se a tal técnica envolver algo que impossibilite a "vítima" a proferir a safe word, existem forma alternativas desse "aviso" ser viabilizado.
Por exemplo, ainda não vi mordaças completamente eficientes, ou seja, que impeçam a emissão de qualquer tipo de som. Elas são feitas para impedir que se fale, não que se emita sons. Então nesse caso, pode-se combinar uma safe especial de "três urros específicos seguidos".
Na hipótese de que a técnica impeça qualquer tipo de vocalização, alguma maneira de permitir para a parte que se submete avise que algo vai mal, como deixa que a parte segure algum objeto que quando solto sirva no lugar da safe.
Mas tudo isso ainda não é o bastante. Um Dominante é responsável pelos seus parceiros. Então, o próprio bom senso, concentração e sensibilidade devem estar focado na ação, para que perceba o limite que as vezes nem o próprio parceiro conhece.
Vi um caso no documentário "Mil formas de morrer" que foi uma perfeita representação disso. Uma "Domme", vestiu o seu parceiro com uma roupa de látex que o cobria dos pés a cabeça.
E o amordaçou... e o amarrou... e o espancou.
E o moço era alérgico a látex e nem sabia disso.
E ele urrava... e ela batia mais achando que ele estava "no clima".
Ela gozou... ele morreu.
Muito bom! Parabéns pelo o artigo.
ResponderExcluirBoa tarde,seu texto é simplesmente maravilhoso,falou exatamente o que penso.O BDSM tem sido subvertido por uma série de pessoas que o confunde apenas como uma chance de praticar sexo,mas não compreendem a profundidade de uma relação.Sempre defendi em grupos de BDSM que uma relação BDSM bem construída e desenvolvida tende a virar um casamento.penso que o feminismo contribuiu para isso muito fortemente,pois muitas colocam excessos de limites e naõ entendem que uma submissa deve estar disposta à medida do tempo a extrapolá-los,claro que sempre há algum limite mais rígido,mas a dominação não para nas vontades da BOTTOM senão há uma inversão de poderes.Sem contar ser incoerente elas dentro do BDSM visto o seu discurso social que contrapõe toda prática de DS nas relações de PPE e TPE.Mas faria mais um adendo ao seu texto,tem muitas BOTTONS oportunistas que buscam TOP sem experiencia para tirara dinheiro ou se isentar de responsabilidades pessoais.Obrigado e abraços!!
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