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É possível transformar meu marido em Dom?


Olá, vou me chamar de Joana, um nome fictício, mas que gosto muito. Sou casada e estou com meu marido há quase 20 anos. Apesar disso sou jovem e nossa relação começou cedo e embasada por toda a imaturidade que universitários possuem. Nunca entendi minha natureza tão sexual, muito além do ser sensual. Uma mulher que jamais seria considerada bonita pela sociedade sempre teve quantos homens quis, porém nunca estive plena, satisfeita. Amo meu marido incondicionalmente, mas, sexualmente falta algo. Lendo 50 tons de repente, por mais fantasioso que é, me senti normal, desejei essa relação e pela primeira vez tive de fato um orgasmo, apenas lendo. Ok, parece loucura, mas não é. Eu entendi que quero conhecer mais e tentar esse mundo, com ele, ai, um problema: ele é muito passivo, mas eu tenho um prazer incrível na submissão. Há como transforma-lo em meu Dom? Nem sei como contar a ele sobre meu lado submisso. Ele não se interessa sobre o assunto, claramente...

Seu caso é interessante e também muito comum.

Comum, pois é normal que durante o processo de aprendizado e evolução, a pessoa mude seus valores, consequentemente seu modo de perceber e sentir.

Nesse processo de evolução dificilmente quem escolhemos para nos acompanhar na jornada evolui na mesma proporção ou direção. 

Livro como 50 Tons, apesar de muito longe da realidade, servem para chamar a atenção em relação a uma nova miríade de possibilidades em termos de prazer e relações afetivas.

Quando pelo livro, ou por qualquer outro meio, a pessoa descobre que o BDSM é a direção que quer tomar, também é comum o seu parceiro não "correr junto". Este parceiro acompanha para agradar e até para não perder a parceira... ou não acompanha se apoiando na afirmação de que BDSM é para pessoas com problema.

Quanto à questão de transformar seu parceiro em um Dom a coisa complica.

Em primeiro lugar e só para traçar um paralelo... Existe maneira de fazer com que uma pessoa faça algo que não faz parte da sua natureza? (pergunta retórica).

Não é possível fazer com que uma pessoa sem ter na sua natureza, submissa ou dominante, venha a ser submissa ou Dominante no meio BDSM (ou em qualquer outro meio).

Se ela tem natureza submissa ou Dominante, existe sim a possibilidade de que esta pessoa migre para BDSM, mas por caminhos diferentes.

O caminho da submissão é bem mais fácil pela sua própria natureza de seguir e servir, logo, basta que a pessoa queira se submeter que o milagre acontece. Sua evolução depende mais de quem a conduz do que dela própria, apesar de que esta também precisa participar ativamente desse processo.

Já o caminho do Dominante é outro. É um caminho solitário e que não acaba. Não fabrica um Dominante BDSM. No máximo, pode se chamar a atenção da pessoa com este potencial para esse universo. Pode-se até ensinar ao potencial Dominante procedimentos, técnicas e posturas, mas quem tem que percorrer este caminho é o Dominante.

Sobre a questão de como contar sobre o seu lado submisso, tem mais a ver com a natureza da sua relação. Se em 20 anos de relação, não chegou a um nível de intimidade e cumplicidade tal que todo e qualquer assunto possa ser abordado livremente, tem que se questionar se esta relação existe pelos motivos certos, mesmo que a sua contra parte claramente não se interesse sobre o assunto.

Não sei qual o nível de verdade com que quer viver a sua natureza submissa.

Se bastar o ato puro e simples de ser "submetida", talvez numa boa conversa você o convença a brincar de Dominador submissa para apimentar a relação. Óbvio que isso não vai te completar, mas você fecha os olhos na hora e fantasia que é Christian Grey com o seu abdome de tanquinho que está te "possuindo".

Se não bastar e precisar da interação com um dominador verdadeiro, tem que se perguntar se vai levar isso de forma paralela a sua relação afetiva baunilha ou se vai entrar de cabeça no Universo BDSM vivendo suas relações afetivas dentro dele.

Recomendo que de uma boa olhada nas postagens abaixo, onde discorro sobre este assunto em específico e outros correlatos.



GLADIUS MAXIMUS


É possível transformar meu marido em Dom? É possível transformar meu marido em Dom? Reviewed by Gladius on junho 17, 2016 Rating: 5

14 comentários:

  1. Sou iniciante e queria muito saber um pouco mais atiçou minha curiosudade quando meu namorado começou a me direcionar para tal ele como dominador e eu como submissa só que como sou bem verdinha gostaria de ampliar e se possivel direcionar para tal pratica desde ja grata

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    1. Carolinne

      O que posso te dizer é que leia tudo o que puder sobre o BDSM em especial as postagens direcionadas a iniciantes.

      O que você não fala no seu comentário é se ele é Dominador ou apenas um iniciante como você.

      Se ele já for um Dom, fica mais fácil, pois a rotina seria apenas de segui-lo e servi-lo, ficando por conta dele o seu treino como submissa dele.

      Mas se ele é iniciante também, fica a dica para ele estudar muito, mas muito, afinal de contas, os Dominadores são os que treinam e conduzem as posses.

      No mais, não tenha pressa e use o bom senso antes de cada passo.

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  2. Penso que ser um Dominador(a) ou uma submissa(o) está na essência de cada um... Posso estar completamente equivocada, mas penso ser muito difícil "criar" um Dominador caso este não tenha vocação para isso.
    Dominar é muito mais do que mandar, dar simples ordens. Dominar é envolver, conduzir, seduzir, deixar a submissa cada vez mais dependente (penso que esta é a melhor palavra para mim) de sua atenção e, sendo assim, é necessário muito mais do que um simples "faça isso" ou "faça aquilo"
    Bjos

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    1. Penso que ainda ser um Dominador seja mais do que isso... bem mais...

      Mas concordo com tudo o que disse.

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    2. Sim, Senhor... Muuuuuuito mais que isso. Perdoe-me se fui tão "superficial" ao comentar.
      Ser um Dominador com D maiúsculo (rs) não deve ser nem um pouco fácil, pois como o Senhor mesmo diz...entre tantos erros e acertos e muito estudo...

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  3. Anônimo4.7.16

    Senhor, aqui é a Joana! Fiquei imensamente feliz em saber que meu comentário virou um post, e mais feliz ainda pois se virou post é porque não sou um caso tão incomum.

    Mas vamos ao meu caso, li os links que você me indicou com cuidado, li os comentários. Confesso que eu gosto muito do meu relacionamento baunilha. Eu gosto de ter uma família, gosto de ter um marido para compartilhar minha vida. Será que um relacionamento 24/7 seria assim, doce, carinhoso, divertido? Bem, quem é de fora tem um pouco de dificuldade de imaginar como tudo seria nesse outro mundo.

    Para mim, fica bem claro que desde muito nova eu já tinha curiosidades e tendencias "pervertidas", obviamente tudo isso foi muito bem abafado e varrido para debaixo de varias camadas de grossos tapetes. Sou contra a hipocrisia, mas as vezes me sinto assim, já que sei que muita gente acha que sou uma mulher careta, ainda mais com os anos de casamento, criei uma fantasia de dama que visto sempre diante de todos, as vezes acho que mesmo diante do meu marido. Mas lá no meu íntimo, sei que tenho desejos muito intensos que se eu contar a qualquer pessoa seria condenada à fogueira sem nem precisar de um julgamento.

    Realmente eu creio que não tenho muitas alternativas, meu marido não é um cara de pegada forte, ele age como eu gostaria de agir. Ele espera que eu o ataque, que eu tome a iniciativa, até mesmo para um beijo. Bom, a questão complica demais pois ambos têm perfil de submissão. Fico pensando, será que seu eu aparece toda "fantasiada" com um chicote, máscara e tudo o mais ele ficaria excitado? Corro o risco de passar a maior vergonha da minha vida ou de ter uma transa incrível..

    Será que funcionaria tentar uma "brincadeira" de switcher? Talvez um toma lá da cá possa funcionar, talvez deixar mais claro que eu quero que ele me pegue com força e violência, que me imobilize, que me bata, morda, belisque... E que eu posso começar a brincadeira agindo assim... Não sei se consigo, mas eu posso tentar, não sei como agir e acho que ver videos pornôs não deve ser muito instrutivo...

    Apesar de casados há anos, não me sinto à vontade para conversar com ele... Digamos que ele não se interessa por sexo como eu, não tem o mesmo fogo que eu então, as conversas sempre acabam mal, pois ele parece não prestar atenção no que eu peço... eu falo, com muita vergonha, sobre as coisas que desejo, mas ele não aplica... é como pedir para a pessoa passar no mercado e comprar algo, mas ela nunca passa, seja por preguiça ou por esquecimento, até que ou você mesma vai ou desiste do que estava precisando...

    Para muitas pessoas, a solução seria que eu me separasse, para a maioria é muito simples dizer: esse cara não te ama, larga dele. Mas a vida não é só sexo também. Eu o amo e quero continuar minha vida com ele, e cá entre nós, eu não sinto vontade de estar com outros homens. Eu não consigo fantasiar com o Grey ou qualquer outro personagem... É pouco estranho, não é?

    Falta também eu me encontrar... eu não sei até que ponto sou realmente submissa. Eu me frustro absurdamente quando ele quer uma "rapidinha" e não dá atenção ao meu corpo, à minha boca, me pega numa posição que eu não sinta muito prazer, fico sim muito chateada, de péssimo humor... Talvez se isso fosse numa cena, com um contexto, vou te comer assim pois é uma punição, acho que não me entristeceria.

    Enfim, eu acho que sou um caso esquisito, uma pessoa que não tem muita certeza do que quer, é isso?

    Muito obrigada por toda a sua atenção, Senhor.

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    1. Acho que de tempos em tempos nos questionamos em relação ao que somos e/ou ao que queremos... mas não, você não é um caso esquisito. Alias, é bem mais normal do que poderia supor.

      A brincadeira de switcher talvez funcione, talvez não, mas seria um movimento o sentido de abrir para o seu parceiro novas possibilidades.

      E se nada mais der certo para retirar o prego que te fere da cadeira em que está sentada, só te resta mudar de cadeira... afinal de contas, se acostumar com o prego não é opção... pelo menos não seria opção para mim.

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  4. Anônimo27.8.16

    Grande Gladius.
    Sou Dom com algum tempo de experiência, minhas mudanças de cidade em cidade acabaram atrapalhando um pouco minhas relações. Deve imaginar como a distância pode comprometer...

    Sobre as questões expostas aqui, creio que não seja possível fabricar Doms. Eu por muitos anos dei coach para centenas de pessoas (sem relação com BDSM) e sei bem que não é difícil ensinar uma pessoa a simular um comportamento. Porém quando se depara com o novo, com uma grande pressão, com um confronto direto ou uma situação complicada é que define-se quem vai se encolher e quem vai sentir o sangue correndo quente em suas veias.

    Isto não é algo que se descobre de uma hora para a outra. É algo que você percebe durante toda a sua vida e em todos os âmbitos. Não é razoável para mim um Dom que merece a submissão de alguém, porém não é digno de ser admirável em vários outros sentidos, inclusive na questão de ser uma pessoa bem sucedida na vida.
    Se uma pessoa não consegue administrar a própria vida, como guiar outras pessoas?

    Sempre indico alguns artigos seus para minhas subs que estão aprendendo sobre o mundo. Tenho muita coisa que escrevi sobre psicologia comportamental, porém pouca do mundo BDSM. Seu estilo é bem parecido com o meu.

    Um grande abraço, espero que continue o bom trabalho!

    Drok

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  5. Ola, a minha descoberta surgiu quando vi o filme do juiz não me lembro o nome agora e aquilo despertou algo que acho que andava escondido a muitos anos foi interessante o filme mas um pouco demais nos limites então pesquisei por filmes e vi A Secretária e mais uma vez me identifiquei com aquilo depois veio as 50 sombras confesso que os livros são bem melhores e lidos antes de se ver o filme melhor ainda , enfim. Voltando a minha história sempre gostei de ter namorados mau zoes mandões e por ai. Hoje sou casada faz 10 anos e após ter visto os tais filmes ganhei coragem e disse ao meu marido que gostava de ser amarrada e submetida as suas vontades episódio que aconteceu uma vez quando namorávamos de ter sido amarrada a cama e adorei mas aquilo passou e nunca mais . Ele concordou em experimentar mos, houve bons momentos e quase momentos escaldantes mas mesmo assim não me chega e estou um pouco como a "Joana" insatisfeita. Já lhe pedi varias vezes para ler um pouco sobre o tema para entender melhor o que eu quero mas não obtenho resultados e o que devia ser escaldante tem vindo a arrefecer pois é sempre a mesma coisa.obrigado

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  6. Como é difícil ser casada e ter uma natureza pouco reconhecida e com tanto a proporcionar.

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  7. Anônimo1.12.16

    Cara Joana, já pensou em arranjar um dom pra vocês dois?

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  8. Anônimo2.2.17

    Senhor Gladius,

    Gosto muito de suas postagens, sempre encontro algo que responda minhas dúvidas.

    Compreendo a indagação da "Joana", tive por muito tempo a mesma, querer que meu noivo fosse Dominador.

    O "normal" nunca me serviu, e sempre busquei alternativas para o "diferente". Só não sabia que o meu diferente seria o BDSM. Hoje confirmo, a melhor coisa que poderia ter surgido em minha vida.

    Como o Senhor comentou em seu texto, .." Existe maneira de fazer com que uma pessoa faça algo que não faz parte da sua natureza?"

    Observei por um tempo as atitudes do mesmo, e percebi que a essência dominador não existe. Brincadeiras com amarras e afins existiram, mas não é a mesma coisa.

    Hoje tenho uma relação paralela, mas vejo que a relação baunilha não faz parte do meu ser.

    Decidindo ainda o que fazer....mas seja o que for, orgulho em ser Sub, e de ter buscado isso para mim. Temos que procurar nossa realização sempre.

    Obrigada pelos textos Senhor, sempre de grande valia e ajuda!!
    Candy_Rs




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  9. Ola bom dia sou uma sub iniciante e gostaria de saber como encontrar um grupo serio de estudos que estejam voltados para o BDSM .ja participei de alguns grupos em que nada e acrescentou so vivenciei conversas banais que fugiam completamente do assunto .aguardo resposta obrigada

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    1. Olá valéria

      Está aí uma coisa na qual não posso ajudar muito. Não conheço ou participo de grupos de BDSM no WhatsApp além do que criei para a interação comigo durante o meu programa PAPO COM GLADIUS na web rádio www.agitaplaneta.com nas quartas-feiras das 20 às 21 horas.

      Por lá rola papo informal sobre BDSM e outras coisas... amigos que vem a minha casa para papear sem o caos e o estresse da maioria dos outros grupos.

      Se você (ou alguém mais) quiser participar desse grupo, é só falar comigo pelo meu whatsapp especifico para assuntos BDSM:

      +55 13 9.9660.0300 (Importante... este número só funciona para o WhatsApp).

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