NOTA DO AUTORNesta época, ainda via o “mundo baunilha” como tudo o que ocorria abaixo dos universos superiores de relacionamentos e a minha opinião evoluiu depois de algum tempo muitos erros e acertos... mais erros.
Hoje em dia vejo claramente que o tal comportamento “poligâmico” (que prefiro chamar de poliafetivo) não é apenas uma exclusividade de criaturas do sexo masculino.
O impulso/vício/hábito que na verdade não passa de uma preferência pessoal de ter várias relações é uma constante entre pessoas dominantes e um comportamento comum e recorrente de forma geral nas relações humanas.
Foram as minhas relações com mulheres que se completam tanto dominando quanto se submetendo (Switchers) que me levaram a algumas dessas conclusões, pois pude observar de perto e numa mesma pessoa um processo que ocorre de maneira diferente entre Dominantes e submissos.
É bom lembrar que o Switcher é uma criatura de comportamento reativo, dependendo diretamente do seu parceiro para definir o seu estado (dominante ou submisso) e nunca na mesma relação quando no BDSM.
Enquanto próximas a mim, por causa da “pressão e temperatura” geradas pela proximidade, se tornavam extremamente submissas, já longe e com o seu lado dominante livre e bem ativo, tendiam a ter múltiplas relações com pessoas submissas.
Então, tanto meninos quanto meninas, quando dominantes dentro de relações BDSM, tendem a ter múltiplas relações com pessoas submissas, já os submissos, com a exceção dos que tem como fetiche pertencer a mais de um dominante, têm a tendência de ter apenas relação com um dominante.
Com as minhas relações afetivas as mudanças são que hoje em dia não tenho mais a figura da submissa alfa, o que levava invariavelmente a parceira a uma perda de rumo dentro da relação, mas a figura de uma posse principal termina sendo consequência do aprofundamento da relação com uma parte que se submete onde ocorre um aprofundamento da relação.
Outras podem chegar a esse nível, mas a verdade é que se já é muito difícil acertar a coreografia da vida com um parceiro, a coreografia envolvendo mais pessoas vai ficando cada vez mais complexa.
Atualmente e creio até o final do meu tempo neste planeta, sigo a um protocolo único para todas as pessoas que me servem, protocolo este que de forma resumida estabelece que todas as fêmeas da espécie que se adentram o meu território com o intuito de me servir são tratadas da mesma forma e que a minha ligação com cada uma é diretamente proporcional ao nível de entrega dela para mim.
Enfim, a questão do que eu sou evoluiu de “um dentro e um fora do BDSM” para algo muito mais simples.
Percebi que não sou dois e sim três. A “razão”, a “emoção” e a “natureza primal”. Não três polos ou personalidades, mas três partes de um único eu que está sempre buscando o equilíbrio entre estas partes.
Talvez, a conclusão de que tudo é uma grande coisa só tenha sido a maior de todas... até agora.
Aqui vou discorrer sobre as diferenças e similaridades das interações entre estes dois universos de relações afetivas no ponto específico da poliafetividade e vou demonstrar como a mesma coisa tem nomes diferentes dependendo do ponto de vista, tratando de várias questões polêmicas e comparando as visões que tenho de ambos os Universos.
A questão da poliafetividade é um dos pontos mais polêmicos e discutidos de todos, que é o direito de um dominante ter quantas posses quiser (na verdade, quantas tiver direito ou merecer).
Nesse caso vou me concentrar no Dom, ou seja, no homem, pois as Dommes com múltiplos escravos e escravas normalmente não são criticadas e patrulhadas. Começarei a fazer isso em primeiro lugar observando o que acontece de verdade no mundo baunilha.
Um livro bom de se ler é já citado em outro texto “Por que as mulheres fazem amor e os homens fazem sexo” de Barbara e Allan Pease. Nele você vai ter uma visão crítica e bem-humorada do casal de autores sobre as características do Homem e da Mulher.
Entre outras coisas, aliás muitas outras coisas, o livro chama a atenção para o porquê os homens tendem a buscar várias parceiras e para o enorme erro que as mulheres cometem em tentar entender os homens a partir dos próprios valores femininos.
Essa questão dos valores é ilustrada com exemplos do tipo, “eu faço carinho nele porque o amo, ele não me faz carinho então ele não me ama”. As mulheres chegam a essas brilhantes conclusões erradas apenas pelo fato de não entenderem a realidade que o livro trata de que somos bichos diferentes. Querendo saber as razões genéticas e evolutivas que levam os homens a poligamia compulsiva eu sinceramente recomendo o livro.
Aqui vou tratar do fato em si, fazendo uma colocação e em seguida formulando uma pergunta.
Se não existe (pelo menos eu nunca encontrei um ao longo da minha vida) um homem que tenha recebido da mamãe no útero toda a carga de testosterona que tinha direito, que não tenha a tendência a devorar uma fêmea que esteja ao seu alcance, qual seria o motivo de se achar que vai encontrar no BDSM um dominante natural e esperar que ele se limite a apenas uma parceira, sendo que é justamente nesse Universo que devemos viver de acordo com a nossa verdadeira natureza?
O impressionante é perceber que algumas mulheres preferem viver a mentira e a hipocrisia de uma falsa fidelidade baunilha do que pertencer a um grupo ou clã de um Dominador que mereça isso.
Será que “dividir” o seu Dono de forma pública é tão ruim assim? Me parece estranho que uma posse possa possuir. Só aí já existe uma quebra da lógica.
Já disse em outras oportunidades que as relações em si são diferentes.
No Universo Baunilha as relações são horizontais, portanto igualitárias, necessitando em sua maioria de hipocrisia, mentira, dissimulação e conformismo para não entrarem em colapso.
No BDSM as relações são verticais, desiguais e unidirecionais.
A parte dominante só existe a partir do momento que uma parte submissa lhe invista de poder.
Não é boa essa insistência em trazer todo o ranço e tristeza das relações Baunilha para o BDSM.
O melhor exemplo é daquele Rei que grita ordens de cima do seu trono... para ninguém. Sem ter alguém para lhe seguir e obedecer, um rei não é nada. Sem alguém para lhe servir e dar chão, um Dominante não é nada.
E qual é a saída para essas questões de distorção de sentimentos? Como abordar a realidade da maneira correta?
A resposta é simples: seguir os fundamentos, especificamente o da Sanidade do S.S.C. (Sanidade, Segurança e Consensualidade), onde se prega que tudo o que acontece dentro da relação BDSM não deve afetar a outros aspectos da vida dos seus participantes.
Isso é importante porque ninguém é obrigado a ser exposto às coisas para as quais não está preparado ou no mínimo interessado em ver, então, se por um lado não preciso esconder nada de ninguém, por outro também não sou obrigado a chocar a quem quer que seja com o meu estilo de vida “diferente”.
Eu aproveito isso e estendo para todo o resto, as coisas são como são, o Universo BDSM não é para qualquer um e a pessoa tem que ter a consciência que vai se confrontar as vezes com seus maiores medos.
Ela tem que escolher, correr dessa intensidade como a heroína no filme “9 Semanas e Meia de Amor” ou lutar para merecer pertencer a um Top de valor, como no filme “A Secretária”.
Enfim, a grande verdade que a questão ter uma ou várias relações não é uma questão de certo ou errado e sim de gosto... e gosto, não se discute.
O Universo BDSM e mais do que justo, ele é o que é. E se você não tiver cacife não entre no jogo.
GLADIUS MAXIMUS
B. D. S. M. E POLIAFETIVIDADE
Reviewed by Gladius
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maio 10, 2021
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Fidelidade? é um "ser" pequeno, fraco, que pode se atar a traição num piscar de olhos... prefiro viver com a lealdade... bj.
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