NOTA DO AUTOREste texto foi feito em duas partes que descrevem as duas etapas da minha viagem por Gor. Este primeiro momento foi de descoberta sobre essa filosofia e sobre mim mesmo, me surpreendendo com o fato de como em Gor encontrei um ambiente familiar.
E foi justamente essa familiaridade com o que eu já vivia no meu dia a dia que me moveu na direção de Gor.
Na primeira parte descrevo os fatores que na época me motivaram para o movimento que me levou a conhecer pessoas ótimas e a merecer o Master que acompanha o meu nome atualmente.
Resolvi nesta publicação unir os dois textos, pelo motivo de hoje ver esse movimento como um só. Como em duas etapas de um mergulho onde na primeira você imerge e na segunda volta a tona, estes textos unidos dão uma melhor compreensão do processo que me levou a ter uma espécie de dupla nacionalidade... no BDSM sou dominador... quando em visita a Gor, sou goreano.
PARTE 1
Na minha busca em viver plenamente a minha natureza, encontrei a liturgia goreana. O que poucos sabem ou se dão conta é que BDSM não é uma liturgia. É muito maior. É todo um universo de possibilidades.
Um universo onde não só podemos, como devemos viver de acordo com a natureza. Um universo que funciona como um grande parque de diversões para adultos, um lugar para onde vamos quando tudo no nosso dia a dia vai bem.
Um lugar que não deve ser usado para resolver problemas financeiros ou emocionais. E como acontece num universo, existem várias maneiras de se abordar, estar e até de se viver.
NOTA DO AUTORAqui destaco a visão reiterada de que o BDSM é uma realidade a parte e que deveria estar isolada do resto do vida do indivíduo. Apensar da minha visão ter evoluído para um nível onde vejo tudo como uma grande coisa só e por este motivo acaba sendo impossível essa visão compartimentalizada da vida, ainda vale a realidade de que ter todos os aspectos da vida devidamente resolvidos e equilibrados nos permite livre acesso a todos os lugares da afetividade e do prazer que for da nossa vontade visitar.
É tão grande que a única maneira de explicar é criando modelos de funcionamento. Como disse antes, não é uma liturgia e sim um lugar onde muitas liturgias podem coexistir pacificamente.
Pessoalmente, gosto de rituais complexos e profundos, coisa que parecia não existir em outro lugar de forma organizada e de fácil acesso, então antes eu vivia uma liturgia própria, com rituais próprios.
John Norman, pseudônimo do acadêmico americano John Frederick Lange, Jr, doutor em filosofia e mestre em artes, é o criador de uma série de crônicas conhecidas como Saga Goreana, Crônicas da Contraterra, Crônicas de Gor, entre vários outros nomes (dependendo da publicadora).
É uma ficção que se passa no planeta Gor que está na mesma órbita que a terra só que do outro lado sol, o que faz com que fique invisível. Nesse mundo fantástico e com humanos vivendo de forma similar aos povos da antiguidade, a escravidão é institucionalizada e algumas mulheres são objetos de propriedade.
É um resumo simplista, mas já dá para dar uma boa ideia de que o autor usa dessa ficção para filosofar sobre todo um tipo de modo de vida, que ao longo do tempo terminou sendo estudado por alguns e vivido por outros.
O primeiro a me mostrar esse universo de possibilidades foi Master Cristhian Sword of Gor. Indicou o primeiro livro de John Norman que devorei vorazmente.
Com a minha evolução Christian repetia coisas como "você é os mais Goreano dos não Goreanos" ou "você mesmo sem ser oficialmente goreano, é mais goreano do que muitos que conheço".
Ao mesmo tempo Tavi, a kajira de Master Cristhian, me mostrava de maneira cristalina as coisas do ponto de vista das submissas do universo goreano.
Antes tinha ouvido muitas coisas negativas sobre Gor e que ao longo do tempo fui descobrindo totalmente infundadas.
Comentários de pessoas que simplesmente não fazem a menor ideia do que estão falando. Então, para estas pessoas fica uma sugestão de fundamento: Se quiser criticar algum tema, antes você deve conhecer este tema profundamente.
O processo que me levou a conclusão de que sou um Master Goreano não implicou em mudança alguma na minha vida ou rotina, se limitando apenas ao aprendizado sobre Gor, observação atenta de seus habitantes e uma profunda reflexão sobre mim mesmo.
Sempre pensei em minhas parceiras como princesas capturadas, gostando mais da imagem de um harém ou grupo familiar e não a de um canil.
Para mim uma escrava não é resto, lixo ou ser inferior, o que se alinha com Gor, pois uma kajira (escrava Goreana) é o bem de maior valor que um Goreano possui. Nos livros ele mata e morre por suas kajiras.
É normal uma pessoa desinformada ou mal-intencionada confundir uma relação BDSM com relações entre seres superiores e inferiores sem ser apenas pelo viés hierárquico.
Em Gor as pessoas são o que são, felizes por viverem suas naturezas plenamente.
Um dominante domina porque é esta a sua natureza e uma escrava o segue por ser sua natureza e porque ele merece esse poder que lhe é investido. É bom neste momento não se perder a perspectiva de que um dominante só existe de fato a partir do momento que alguém o siga... Reis perderam a cabeça e Presidentes o mandato quando perderam a credibilidade de seus seguidores.
Uma coisa interessante para saber é que em Gor, apenas 5% de todas as mulheres são escravas e a grande maioria dos homens não possui escrava alguma. Ter uma kajira ou mais não é para quem quer e sim para quem pode e merece.
Dentre todas as pessoas que conheci no meio BDSM, os goreanos estão entre os mais tolerantes. Presenciei em mais de uma oportunidade mulheres dominantes (Dommes e Switchers) se sentando a mesma mesa que eles, participando de eventos como convidadas especiais e sendo excepcionalmente bem recebidas.
Em todos os eventos goreanos, a imersão é total. Não se brinca, não se interpreta. Se vive, se sente... tudo com muita intensidade. Nestes eventos eu me sinto completamente à vontade, me sinto em casa.
Para ser um goreano verdadeiro é preciso ser honrado, culto, inteligente e acima de tudo ter a coragem de viver de acordo com sua natureza.
Não serve para homens submissos, fracos e nem para falsos dominantes que não tem a capacidade de dominar a própria esposa e levam uma "vida" BDSM paralela e escondida.
Para estes existem outros mundos. Uma das coisas mais maravilhosas é o respeito dos Goreanos pelas diferenças. Diferenças estas, que começam nos próprios Livros Goreanos, onde existem cidades com hábitos e costumes diferentes e estas coexistem entre si em perfeita harmonia.
Um Goreano se preocupa com o crescimento e evolução das suas parceiras submissas. O prazer de um goreano não se resume em Dominar ou usar sexualmente.
É a Dominação em sua plenitude. Controle, cuidado, interesse, condução, doutrina... tudo isso para que a kajira cresça e caminhe na direção do seu potencial máximo em um processo no qual o crescimento é mútuo.
Enfim, para mim não foi uma questão de aprender a ser Goreano, isso não se ensina. Assim como não se ensina a ninguém a ser dominador. Foi uma questão apenas de assumir uma postura oficialmente que já vivia naturalmente.
NOTA DO AUTORQuando terminei a primeira parte, eu estava bem no meio do meu passeio por Gor e ainda não tinha visto tudo e nem chegado de fato a conclusão alguma além de que tudo era familiar demais.
Eu já vivia o meu dia a dia como um goreano, então para me definir como um goreano seria um pulo, mas no fim, um pulo que era grande demais e me colocar como apenas goreano resolvia apenas um lado da equação.
O equilíbrio na conta ocorreu cerca de um mês e meio depois do início dessa aventura e o desfecho foi publicado no post que segue.
PARTE 2
Mas afinal de contas... sou um Goreano?
Depois de muito meditar sobre essa questão e avaliar tudo o que vi enquanto fazia minhas viagens por Gor, descubro que a filosofia goreana em seu estágio básico, é muito boa para quem inicia ou para aqueles que se propõe a ser dominantes, mas não tem isso em sua natureza.
É uma boa maneira de se dar um rumo para quem não tem, pois já traz um jeito todo formatado de como fazer as coisas.
A parte boa é que funciona como uma cartilha que serve de um guia que leva a resultados rápidos e eficientes.
A parte ruim que essa mesma cartilha acaba dando ferramentas para indivíduos de má índole no processo de construção de um personagem com o qual vão conseguir enganar facilmente parceiras incautas e despreparadas.
Hoje entendo completamente o que um outro goreano e bom amigo, Vamph diz:
“Gor é Gor, BDSM é BDSM, coisas diferentes para serem vividas em momentos diferentes.”
Quem já está num grau mais avançado, vai perceber que Gor na verdade não é apenas uma liturgia, e sim um outro universo, e que o termo Dominador Goreano é uma redundância.
Resumindo... em Gor, sou goreano, no BDSM, sou Dominador.
NOTA DO AUTORNessa viagem por Gor aconteceu muita coisa. Participei de eventos e a convite de Master Christian fui um dos fundadores da cidade de goreana Alkania que existe até hoje. Me afastei apenas pelo fato de que pela sua própria natureza, os grupos goreanos tem uma agenda intensa de atividades e a distância da minha moradia acabou por se tornar um empecilho intransponível.
Por merecimento ganhei o título de Master que ostento com muito orgulho até hoje e todas as amizades feitas com goreanos continuam em sua maioria até hoje.
Sempre me senti “em casa” nos eventos goreanos que participei, pois é real que o que os goreanos pregam em sua filosofia já era o meu dia a dia desde antes de que eu soubesse da existência de Gor.
Quanto a questão de que se Gor é BDSM ou não, fica a definitiva definição de Master Christian quando fala, “Quem diz que BDSM é Gor está certo e quem diz que BDSM não é Gor também está certo”.
Tudo é relativo e pelo meu ponto de vista Gor é BDSM, pois está fundamentado nos mesmos jogos de poder... simples assim.
PENSAMENTOS GOREANOS
Reviewed by Gladius
on
abril 25, 2021
Rating:
Nossa,
ResponderExcluirHá tempos eu procurava informações sobre GOR, obrigada por dividir conosco sua experiência.
respeitos
{myrah}_ALDO
Estou num processo de busca de informações e me emocionei muito com esta introdução escrita de uma forma intensa e verdadeira.
ResponderExcluirEste é meu estilo de escrever... de forma descritiva.
ResponderExcluirNão crio nada, apenas desceevo da forma mais fiel possível o que vejo e o que sinto.
A proposta desse Blog é apenas fazer com que as pessoas vejam o Universo BDSM através dos meus olhos.
G.M.