Todo homem dominador se casa com a sua submissa? E ela tem que realmente deixar de fazer tudo para viver para ele, ou melhor, em
função de dar prazer a ele?
função de dar prazer a ele?
O BDSM não é o Clube do Bolinha, onde só entram meninos. Muito pelo contrário, é um lugar onde deve reinar a tolerância pela diversidade. Isto é importante para que se entenda que o “ser” dominante não é algo exclusivo do sexo masculino. No BDSM existem Dominantes meninos e meninas. Também é importante saber que todos os alinhamentos sexuais e combinações de gêneros também ocorrem. Existem Dominadores e Dominadoras (Dommes) que dominam mulheres, homens e a ambos. Existem ainda os Switchers que em uma relação Dominam e em outra, são dominados.
Outro ponto é que Dominantes (meninos e meninas), não tem um limite pré-definido para a quantidade de posses que vai conseguir manter. Sempre digo que um Dominante vai ter quantas posses quiser, puder, merecer ou der conta. Isto dentro do Universo de relações BDSM.
Agora, o mais importante é entender que as relações BDSM são relações humanas tão válidas quanto às de qualquer outro universo. Mas o planeta... é um só. E pensar que relações familiares, de amizade, de trabalho etc., são relações baunilha é um erro... Não são... Uma relação de família, pasmem, é uma relação de família. E por incrível que pareça, isso acontece com trabalho, amigos e entre outros tipos de relações da mesma forma.
Tanto as relações Baunilha quanto as do Universo BDSM são relações afetivas de um nível muito íntimo, sexual e sensual.
Enquanto no mundo baunilha as relações são o namoro, o noivado, o casamento, a ficada, o amancebamento entre outras, todas já bem conhecidas pela maioria, no BDSM temos basicamente duas, a relação Dominante/dominado e a de Possuidor/posse.
Falei sobre isto recentemente no texto
http://www.gladiusbdsm.com/2010/12/idade-jovens-no-bdsm.html
Isto tudo posto e voltando às perguntas...
Todo homem dominador se casa com a sua submissa?
Corrigindo para “Todo ser humano Dominante se casa com seu parceiro submisso?" Não, nem todo Dominante precisa necessariamente se “casar” com seu parceiro. O que deve-se por em questão é se as pessoas moram juntas ou não e se tem uma relação estável ou não diante da lei e da sociedade. Pois em minha opinião, esse é o principal ponto a ser examinado, logo que uma coisa é o que dividimos na alcova e outra muito diferente é o que dividimos em relação à vida, como um todo.
Como no mundo baunilha, uma pessoa que passa a morar conosco e dividir sua vida, adquire direitos previstos na forma da lei. Se morarem juntos, o “casal” vive em união estável, seja casado, amasiado ou “escravizado” consensualmente dentro de uma relação BDSM.
Tanto as relações Dominador/dominado, quanto aquelas de simples namoro, não podem ser consideradas como sendo de União Estável porque somente se verifica União Estável, quando houver a constituição de unidade familiar propriamente dita.
Então, a melhor pergunta seria se um Dominante pode vir a ter uma relação estável com seu parceiro… e a resposta para isso é sim.
Se a relação que vai começar do começo na forma de Dominante/dominado, comparado ao do namoro do mundo baunilha, e esta evoluir ao ponto das partes quererem dividir uma vida juntos, sim, poderão viver em união estável, que seria desde apenas o ato de morar junto até o de se casar no cartório.
Em relação ao Universo BDSM em específico, devemos nos ater ao fato de que ele é formado de hierarquia, não havendo problema algum na maneira como é formalizada legalmente a relação, desde que as partes não percam a perspectiva das suas posições hierárquicas dentro da relação.
O poder corrompe e na maioria das vezes, o status de posse alfa já é algo que sobe a cabeça. Ser a posse número um ou mais antiga já dá alguns privilégios que às vezes são entendidos como poder e quando a mesma posse vira uma 24/7, ou seja, serve o seu proprietário 24 horas por dia e 7 dias por semana, morando junto ou não, pessoas não devidamente preparadas terminam achando que tem um poder, do qual realmente não tem (ou pelo menos não deveriam ter).
O que acaba acontecendo na maioria das vezes é que a relação acaba descambando para algo fora do BDSM, principalmente quando ocorrem filhos (aconteceu comigo) e como este descambar implica que a relação vira algo rotineiro e sem hierarquia ela colapsa (também aconteceu comigo).
Vivemos em um único mundo, com costumes e realidades que variam por região e também pela época. Uma frase de Friedrich Nietzsche: "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”, é a melhor para definir o que vem a seguir.
Na nossa atual sociedade fica muito complicado viver com mais de uma pessoa em condição marital. Minha mãe iria achar isso muito esquisito, sem falar dos meus vizinhos. Não é todo mundo que é Hugh Hefner (o dono da Revista Playboy) que pode se dignar a viver com quatro namoradinhas em sua mansão. Então ter mais de uma escrava 24/7 morando consigo é apenas para quem pode e não para quem quer.
E é neste caso que a posse 24/7 pode passar pelo papel de relação afetiva baunilha perante a família do Dominante e também perante a sua própria família, pois ninguém tem nada a ver com quem e como vivemos na alcova... e eles também não entenderiam.
Agora…
Ela tem que realmente deixar de fazer tudo para viver para ele, ou melhor, em função de dar prazer a ele?
Se as partes resolverem de comum acordo viver uma relação 24/7, onde a posse vai morar com seu proprietário, Sim.
Sendo a relação 24/7, a mais alta forma de conexão entre dois seres humanos, dentro do Universo BDSM, se uma pessoa decide dar poder sobre todos os aspectos de sua vida para outra pessoa que julga merecer este privilégio e que também vai ter a competência para exercer todo este poder, é óbvio que esta ocupando-se do papel de propriedade, tem a obrigação de viver para o seu proprietário. Incluindo nisso a função de dar prazer.
Relações BDSM - Casamento e BDSM 2
Reviewed by Gladius
on
agosto 28, 2013
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Texto perfeito, Sr.
ResponderExcluirEsclarecedor como sempre!
Bom saber que existe alguém tão experiente e sensato no BDSM.
Continuo minha caminhada....descobrindo cada vez mais, vivendo e aprendendo cada vez mais.
Abraços!!
Você realmente acredita que uma relação pessoal, não estou dizendo afetiva ou sexual , seja valida pela submissão? Dar prazer ou dominar seja valido ou apenas uma falta de ego , pois pode parecer que seja um excesso , mas na verdade é falta dele , pois para sentir-se um homem precisa submeter ! o trocadilho é valido é uma questão de sentir prazer não com o outro e sim consigo mesmo !!! será mentalmente sadio ou doentio ?
ResponderExcluirAcredito que uma relação pessoal, qualquer que seja, é valida desde que as partes, sejam lá quantas forem estejam de acordo e se completem com ela.
ExcluirO prazer sexual no ser humano é solitário me ao contrário dos animais, não é ativado por fatores biológicos e externos. Cada um tem o seu prazer e o que fazemos para atingir este prazer, seja lá o que for, tem pouco a ver com o ego e sim com o que nos completa como seres humanos.
Enfim, para se sentir prazer pleno com outra pessoa acho vital que a pessoa sinta prazer pleno consigo mesma.
É interessante como a cada vez que lemos um texto, após termos amadurecido com as experiências, eles nos permitem a um novo passo na evolução. Este é um exemplo disso, em função da resposta com uma abordagem tão completa para um tema que, para alguém do meio, pode vir a ser visto como banal.
ResponderExcluirBDSM ou baunilha, as "relações estáveis" devem ser respeitadas da mesma maneira. Não é um papel ou um título que vai diferenciar, mas a forma como as pessoas escolheram viver.
Saudações ao Senhor e à Sua casa.
Eu desejo muito uma relação 24/7com meu Dono, esperando uma decisão dele.
ResponderExcluirObrigada pelo texto impecável!, me ajuda muito neste momento de conflito de uma submissa iniciante.
ResponderExcluirEstou tendo uma dor de cabeça enorme nesses últimos meses, onde a posse deixou de ser posse, a relação d/s deixou de existir e quando aparece alguma outra posse coloca-se o casamento em jogo.
ResponderExcluirÉ um campo de batalha cheia de armadilhas. E estou bem chateado com está situação.