' Agulhas (e Velas) no BDSM - Como uso - DIÁRIO DE UM DOMINADOR - GLADIUS | BDSM, Fetiches e Relacionamentos

Agulhas (e Velas) no BDSM - Como uso


Comentário de leitor: "Senti falta das suas impressões no texto. Como, por exemplo, que tipo de agulhas você usa e com que finalidade (dado que pode ser artística, tortura ou para impacto psicológico). B. A. - em Agulhas no BDSM"

Não entrei fundo nos meus gostos pessoais na Postagem Agulhas no BDSM, pois este texto não foi gerado a partir de uma pergunta pessoal. Escrevi depois do convite para coordenar um WorkShop de agulhas, para ilustrar um pouco este assunto de um ângulo mais prático e menos enciclopédico (e chato).

Mas concordo que de fato, ficou faltando algo e a minha visão pessoal do assunto, talvez venha inspirar alguns e os motivem a experimentar novas possibilidades em suas relações.

Então... entrando fundo

Já têm um bom tempo que brinco disso tudo e começar é muito fácil... e barato. Agulhas, luvas e material para assepsia e pronto... é só começar.

Recomendo que se comece devagar com poucas agulhas nas primeiras vezes e que também que sejam aplicadas com certa distância umas das outras. Assim a parte que se submete também vai se acostumando com o processo.

Conforme o processo das agulhadas for evoluindo, é só aumentar a quantidade e caprichar no desenho.

Uso muito a de canhão preto (parte plástica) com medida de (30 mm de comprimento e 0,7 mm de diâmetro da agulha), a Azul (25 x 0,5), a Lilás (20 x 0,55) e a Amarela (13 x 0,3).



Já experimentei agulhas de outros calibres, agulhas de acupuntura e também a pintura dos da parte plástica das agulhas.


Fazendo Arte

Meu primeiro trabalho com agulhas foi um Corset, onde usei as agulhas como apoio para trançar uma fita:


Depois disso vieram vários trabalhos usando apenas agulhas:



O pico da evolução em termos de produção veio com a inserção de penas na parte plástica da agulha e a aplicação no corpo fazendo a minha parceira, Aquila, se parecer com um pássaro… de uma simples sessão de agulhas o processo todo se transformou numa bela performance.

As penas deveriam ser pretas e um pouco menores. Só achamos estas vermelhas na 25 de Março inteira em São Paulo. A parte difícil ficou na parte da preparação em colar as penas nas agulhas e na parte da aplicação em acertar ângulo e pontos de aplicação corretos, para que as penas se mantivessem em posição para o efeito de asas.

Nesta cena tive a assessoria da Gata de Botas, uma parceira de grandes produções fotográficas. Sem ela, o efeito não teria ficado tão bom.

    
  



A parte boa de praticar é que com a repetição na aplicação, a habilidade faz essa parte entrar num modo automático e se libera mais do cérebro para criação.

No meio dessa trajetória acabei enveredando por outras coisas de cunho decorativo e que furam a pele como anzóis, suturas e injeção salina.

Os anzóis tem que ser limados para a remoção da farpa, esterilizados e usados no mesmo dia, pois não se fabricam mais em aço inoxidável (por uma questão ecológica) então depois de limados eles começam a oxidar em pouco tempo. Eles são inseridos na pele de forma um pouco mais profunda do que nas agulhas e da mesma forma que as suturas, podem servir para se pendurar objetos como sinos ou bolas de natal.


A sutura é feita com agulha cirúrgica curva circular e o fio é o de sutura odontológica. A inserção (ponto) tem uns poucos milímetros e ficam a uma certa distância um do outro, formando o desenho com a linha ligando estes pontos.


A injeção salina é interessante, pois pode ser usada em várias partes do corpo e tanto com propósito decorativo, punitivo ou por tortura. Tudo isso sem maiores riscos, pois o líquido utilizado é soro fisiológico e o efeito colateral do uso é a, hidratação da parte que se submete.

Já usei de forma decorativa, injetando 400 ml de soro em cada seio de uma submissa e isso teve um efeito visual incrível de mamas enormes e siliconadas. Efeito esse que durou a noite toda, só começando a regredir depois de cerca de quatro horas. Também foi tortura, pois a aplicação foi em uma masmorra com a submissa atada a uma mesa por cintas de couro e também amordaçada para uma eventual vontade de gritar. A forma punitiva seria, por exemplo, de se injetar de forma subcutânea no rosto, assim criando calombos que impediriam a parte que se submete de sair em público com algumas horas, tempo do corpo absorver o soro.

A dica aqui é que, para quantidades de soro acima da capacidade da seringa, sejam usadas agulhas borboleta, assim, numa só agulhada podem ser injetadas várias seringas.




Arte com Agulhas e Velas

Quando o objetivo é fazer arte, apesar de não haver um peso grande em termos de Dominação, pois a posse não fica presa, o fato de ela estar ali se disponibilizando para o papel de “tela” de uma obra do seu proprietário, leva todo o processo para um contexto de objetificação de quem se submete.

Neste ponto cabe ressaltar que a brincadeira com velas (Wax Play) se encontra com as Agulhas, pois a única diferença está na “tinta”, que no lugar das agulhas para a “pintura” é usada cera de velas coloridas pingada na “tela”.




Torturando (com arte)

Gosto de fazer arte, afinal de contas, Designer é a minha formação de terceiro grau. Mas no final é só arte. Ok… com um pouco da satisfação que a objetificação da posse e consequentemente o aumento da distância hierárquica promove para o Dominante… mas é só arte.

O que dá uma enorme satisfação, pelo menos para mim, é o uso das Agulhas (e/ou Velas) para torturar e alavancar o prazer.

O uso das agulhas (e/ou Velas) é extremamente eficiente em uma sessão BDSM que envolva Bondage (Aprisionamento com Algemas, Correntes, Cordas, Mãos etc) e a hiperestimulação das mais variadas técnicas de orgasmo forçado (Vibradores, Massageadores, Fucking Machines, Eletroestimulação etc), onde a dor e o confinamento servem de forma muito eficiente, para alavancar o prazer e aumentar a distância hierárquica.



Receita de Posse Sovada no Espeto

Ingredientes:

1 Posse (não muito fresca)
1 Cama com estrado
4 Pedaços de corda de algodão (preferencialmente. mas na falta, serve qualquer coisa que sirva para atar pulsos e tornozelos).
1 Algo para vendar
1 Algo para amordaçar
1 Massageador (na falta, pode se usar vibrador, escova de dente elétrica, lâmina de barbear que vibra ou qualquer objeto que vibre)
1 Flogger (e/ou qualquer aparato de infringir dor), pois para a posse amaciar, ela precisa ser sovada.
2 Clamps para mamilos (servem grampos de cabelo e pregadores de roupa)
Creme hidratante (óleos aromáticos podem ser usados de forma alternativa)
Agulhas (e/ou velas) a gosto

Amarrar a posse em X (braços e pernas atados aos cantos da cama) no estrado de uma cama sem colchão… corpo nu (Humilhação e aumento da sensibilidade e sensação de estar indefesa)… olhos vendados (Privação Sensorial)... boca amordaçada (aumento de confinamento e o destravamento dos gritos)…

Deixar a Posse “descansando” por cerca de 15 minutos para adicionar ansiedade na mistura.

Aquecer a pele com o flogger, aplicando pelo corpo todo, principalmente nos seios, abdome e parte interna das coxas... quanto mais sovada, mais macia, quente e úmida a posse ficará.

Colocar os Clamps nos mamilos e fixar o massageador com cordas na área da pélvis, deixando em funcionamento ininterrupto. (Orgasmo Forçado).

Agora que o prato começa a encorpar, aplicar o creme massageador pelo corpo todo com firmeza e atitude por mais ou menos meia hora.

A partir daí, com a massa pronta, é aplicar a decoração de Agulhas (ou velas) conforme a sua imaginação definir.

Os resultados serão melhores se não desligar o massageador e não parar o processo de estimulação manual.

Dica.. falar umas grosserias baixinho e bem dentro do ouvido resulta em uma massa mais macia.

O grande segredo para a massa não desandar é manter o nível de prazer sempre acima do de dor e desconforto.

Importante… não deixe de definir uma sinal qualquer, pois a safe word estará prejudicada pela mordaça. Também é esperto de tempos em tempos perguntar (bem dentro do ouvido) se está tudo bem e se a posse quer parar a brincadeira.

Outra coisa muito importante é entender que esse tipo de receita facilmente pode levar a posse a um estado de Subspace (perda de contato com a realidade), cabendo aí ao Dominante se manter atento para dar limite a quem perdeu a capacidade de estabelecer limites.

O que ando cozinhando

Este é um dos trabalhos que mais gosto feito na bela tela que é a minha parceira nina (@ninadegladius):

 

 

 

 

 

Esse desenho foi batizado de Fênix, foi feito com 306 agulhas e toda a sua execução foi gravada em uma Live que está disponível para os assinantes da Casa de Gladius (@casadegladius).

Enfim, dentro de um universo formado apenas de hierarquia e verdade, estas técnicas (entre tantas outras) emprestadas de outros universos servem como excelentes temperos para os pratos sofisticados que fazemos no BDSM.



Agulhas (e Velas) no BDSM - Como uso Agulhas (e Velas) no BDSM - Como uso Reviewed by Gladius on março 15, 2016 Rating: 5

6 comentários:

  1. Sempre perfeitos textos do Senhor...

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  2. Valei-me nossa senhora da bicicletinha sem freio! Todos os seus textos são inspiradores, todavia esse em especial foi indescritível!!! E olha que a pessoa aqui faz escândalo até para tomar vacina. Que seu (com o perdão do trocadilho) dom culinário seja preservado e aproveitado por muito tempo.

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  3. Anônimo17.3.16

    Me arrepiei e me emocionei com esse texto... hahaha Essa receita de posse (pouco fresca) sovada foi surpreendente. Tensa. Satisfeita com a resposta! Sobre Fortaleza: mantenho vc informado.
    Bjs
    B. A

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  4. Posso compartilhar seus textos e fotos no meu grupo
    Boa tarde

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    1. Desde que citada a fonte, não vejo problemas em divulgar o meu conteúdo.

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