' UNIVERSO E O PARQUE 2 - DIÁRIO DE UM DOMINADOR - GLADIUS | BDSM, Fetiches e Relacionamentos

UNIVERSO E O PARQUE 2




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Texto revisado que faz parte da obra DIÁRIO DE UM DOMINADOR - CRÔNICAS - LIVRO 1, de cortesia acompanhado com as notas de atualização do autor que estão presentes apenas no livro junto dos outros textos do Blog publicados.


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UNIVERSO E O PARQUE 2

Publicado em 09/03/2009


NOTA DO AUTOR
Pouco mais de um ano desde que comecei a escrever e já começam a aparecer os primeiros aperfeiçoamentos nas ideias. Revendo tudo o que escrevi, fiquei impressionado com a quantidade de vezes que isso ocorreu.
Em alguns poucos casos a mudança foi radical, me levando a opiniões diametralmente opostas e em outros como neste primeiro, não foi uma mudança de ideia e sim uma simples expansão de horizontes.


Uma das minhas primeiras postagens se chamava o Universo e o Parque, onde eu traçava um paralelo entre O Universo BDSM e um Parque de Diversões, para que fosse entendido. Naquela ocasião, fui criticado por algumas pessoas com problemas em entender metáforas, pois se convenceram que por comparar o BDSM com um Parque eu estava afirmando que BDSM era uma brincadeira. Aos curiosos eu convido que voltem lá, leiam e tenham suas próprias opiniões.


Antes essa metáfora do parque era usada sem a intenção de mostrar o BDSM como uma brincadeira, mas o tempo me mostrou que os jogos de poder podem ser degustados desde uma forma superficial e pontual na cama de pessoas que queiram se utilizar dessa dinâmica para apimentar a sua relação, para depois de passar por um sem número de estágios intermediários, culminar em relações de posse vividas 24/7 (vinte quatro horas por dia, 7 dias por semana), alcançando todos (ou grande parte) dos aspectos da vidas dos participantes.


Aqui vou fazer outra analogia, que com certeza vai fazer com que as mesmas pessoas críticas, me rotulem como herege me condenem a fogueira.

Em resumo, naquele texto eu tratava da questão do “São”, do S.S.C. (Sanidade, Segurança e Consensualidade), ou seja, da sanidade mental e mostrava lá uma maneira de se separar bem as coisas e nele dizia que vivemos em um mundo predominantemente baunilha (convencional) em termos de relações e que deveríamos encarar a prática do BDSM como uma ida ao Parque ou atualizando, uma balada.

Afirmava e ainda afirmo que o BDSM é um lugar bom de ir, mas muito difícil de se viver lá, achando que devemos ir ao BDSM para viver a nossa verdadeira natureza de forma intensa e profunda, focando o prazer. Assim como um Parque ou uma balada, o BDSM não é um bom lugar para se arrumar namorado, sexo fácil ou se resolver a vida de um modo geral.

Não que seja impossível de se conhecer o amor da sua vida lá, mas procurar por isso lá é frustrante pelo simples fato de que a maioria das pessoas que vão lá fazem isso pelos motivos certos, que seriam os de se viver a própria natureza dominante e/ou submissa em sua plenitude.

Hoje vou filosofar em uma direção diferente e vou traçar um paralelo para demonstrar o funcionamento das liturgias, técnicas e estilos. Uma boa maneira para isso é imaginar o BDSM como uma espécie de divindade.

Pausa necessária. Mensagem aos críticos mais obtusos: Não estou dizendo que BDSM é Deus e se entenderem assim que vão ao dicionário checar o significado da palavra metáfora.

Imaginem o BDSM como uma divindade. Nós temos fé e acreditamos na sua existência. Vivenciamos experiências, sentimos a sua presença e celebramos as práticas em templos, na alcova e às vezes em lugares públicos. Por ser uma coisa muito grande, vão existir muitas formas de se ver.

Muitas “religiões” vão reunir seguidores de uma mesma visão e algumas religiões vão criar dissidências, pois alguns vão discordar deste ou daquele ponto. Outros vão preferir viver isso a sua própria maneira.

No Universo BDSM, essas religiões são chamadas de “liturgias” e elas, em minha opinião, têm dois níveis: o fundamental e o avançado. O fundamental é onde está reunido todo o básico, que é comum a tudo o que ocorre no BDSM. Faz parte destes fundamentos o fato de que o BDSM é uma forma de se relacionar onde necessariamente exista alguém que se completa dominando alguém que se completa sendo dominado.

Se manter sempre dentro dos limites do S.S.C. (São, Seguro e Consensual), aplicar técnicas sobre as quais se tenha um completo controle. Dominantes poderem ter quantas posses merecer e submissos poderem parar a atividade com uma safe-word ou terminar a relação se esta não for mais satisfatória, são outras coisas que também fazem parte desses fundamentos.

A partir daí, cada um segue seus gostos pessoais podendo até lançar mão de atividades de outros universos, como o da Podolatria, Age Play ou Scat. Quando algo é bom para todas as partes envolvidas, é válido.


Ver o BDSM como tendo esses dois níveis, sendo um fundamental e outro avançado, explica bem a sua dinâmica. Sobre isso pouco mudou, pois ainda vejo o S.S.C. como parte fundamental do BDSM. A isso acrescentei a visão de que o BDSM é um universo de jogos de poder (ou hierarquia se preferir).
A aplicação de técnicas sobre as quais se tenha controle se encaixa na Segurança do S.S.C. e o uso da Safe Word (Palavra de Segurança), ou seja, o direito que a parte que se submete tem de parar o processo a qualquer momento, faz parte da Consensualidade do S.S.C., já a quantidade de parceiros vai para o âmbito do gosto pessoal de cada um.
O avançado do BDSM se situa na maneira como se degusta da dinâmica do poder em fluxo, enfim, algo também sujeito ao gosto pessoal dos praticantes.


No mais, é só manter o foco na diversão e no prazer. Deixar seu personagem baunilha para traz e entrar no BDSM para viver intensamente sua natureza e as suas fantasias. O certo é largar o homem que trabalha e é pai de família ou mulher que trabalha e tem filhos para trás e entrar no BDSM apenas o ser humano, apto e pronto para viver sua natureza, de Dominante ou submisso.

Isso normalmente dura apenas algumas horas e depois, quando se cruzar a fronteira de volta ao Universo Baunilha, se retomar seu “ser” baunilha e tocar a vida em frente. É sempre bom lembrar que o Mundo Baunilha é o mundo real, onde vivemos, sobrevivemos e procriamos. O Universo BDSM é o lugar onde podemos ser o que quisermos ser.


Uma última coisa a acrescentar, essa ideia de achar que o mundo baunilha seria o “todo o resto” quando se fala de vida ficou obsoleta para mim pouco tempo depois desse post. Vi na prática que não existe vida BDSM ou baunilha, só existe a vida. Esta sim pode ser vivida em diversas regiões bem definidas.
Baunilha é apenas uma forma de se relacionar afetivamente, onde os formatos mais comuns são namoro, noivado, casamento, amantes entre outras nomenclaturas que como família, trabalho, escola e amigos não são baunilha, são círculos afetivos, cada uma com a sua própria dinâmica.
Então a frase que fecha esse texto deve ser atualizada para:
“É sempre bom lembrar que existe o mundo real, onde vivemos, sobrevivemos e procriamos. Nesse mundo temos espaço para ser o que quisermos ser, seja lá onde for. Para os que se completam numa dinâmica de jogos de poder, o Universo BDSM é o lugar.”


MASTER GLADIUS

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UNIVERSO E O PARQUE 2 UNIVERSO E O PARQUE 2 Reviewed by Gladius on janeiro 01, 2024 Rating: 5

Um comentário:

  1. Bellachris27.8.12

    Senhor!
    Gostaria que soubesse que seu blog é extremamente esclarecedor. Encontrei muitas respostas para o meu universo de dúvidas sobre o BDSM. Não tenho experiência, mas hoje, após ler tudo o que encontro sobre o assunto (e graças que temos a internet), e ficar um pouco mais esclarecida, poderia dizer que, se pudesse, vivê-lo-ia intensamente. No entanto há o medo: do novo, do diferente e principalmente de sofrer decepções ou traumas por “cair em mãos erradas”. Mas enfim! Parabenizo-o pelo modo como o senhor aborda de forma aberta, clara e sincera os diversos aspectos sobre o BDSM, pois ajuda-nos (aos que apenas fazem ideia e nunca experimentaram, mas sonham com isso) a conhecer sobre a responsabilidade, honestidade, maturidade e etc., no mundo BDSM.

    Atenciosamente,

    Bellachris

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